Mariana contou-me mais uma fase de sua vida.
Havia uma época em que Mariana vivia sozinha em uma grande casa com seus filhos, era uma fase complicada emocionalmente. Essa mulher, apesar de estar bem profissionalmente e em harmonia no seu lar, ainda carregava mágoas do passado que se fazia muito presentes em sua vida. Com a mente confusa diante do terror que havia vivido em seu casamento, Mariana a moça dos olhos grandes e sorriso largo, sem perceber, entrou em depressão.
A sua vida se resumia em trabalho e cuidar dos seus filhos em casa, mas nem as tarefas mais simples ela conseguia mais exercer, quando chegava em seu lar, entrava em seu quarto, fechava a porta, deitava em sua cama e chorava até dormir.
Apenas a sua secretária vinha até ela com um prato servido de uma gostosa comida quntinha que havia acabado de fazer, mas Mariana não queria saber daquilo, até se irritava se insistisse para que comesse. Volta e meia sua filha também entrava em seu quarto e perguntava o que estava acontecendo, se a mãe estava doente, mas Mariana não sabia o que responder àquela garotinha tão meiga.
Mariana percebera que precisava de ajuda médica, procurou um médico que já conhecia algum tempo, ele fez seu papel, constatando o fato real de que, a moça tão feliz, sorridente e muito bem resolvida que conhecera, estava sofrendo de depressão, lhe receitou alguns remédios.
Ela foi para casa com a sensação de que havia conseguido a solução para seu problema. Mas após um dia de tratamento, tomando todos aqueles remédios, Mariana começou a ter alucinações, de alguma forma ela sabia que era o efeito colateral dos medicamentos, e, conversando novamente com seu médico, ele recomendou que aumentasse a dosagem, ela o obedeceu.
Agora, Mariana não saia nem para trabalhar, passava todos os dia e noites em sua cama. Já havia perdido muito peso, estava muito magra e certamente com deficiência em seu organismo. Seu filho muito novo passava por aquilo indiferente, mas sua filha sempre perguntava se a mãe estava doente e a partir dali, Mariana respondia que sim.
Mas, deitada em sua cama percebeu algo terrível! Percebeu que aqueles amigos que frequentavam as festas em sua casa, não apareceram para lhe visitar, eles sequer davam um telefonema. Ela se encheu ainda mais de mágoa, reconheceu como as pessoas podem ser cruéis e ingratas.
Diante disso, Mariana não queria receber nem a mãe que a visitava com frequência, a moça pensava que já que todos a abandonaram, a mãe com certeza faria o mesmo.
Um dia vendo seus filhos entrando no seu quarto pediu a eles que deitassem ao seu lado e os abraçou dizendo que era muito triste estar só, mas que isto não aconteceria com eles, pois eles tinham a ela e com certeza ela nunca os abandonaria. Falando isto Mariana já conhecendo a percepção de sua filha, ouviu a menina disparar:
-Quantos quilos você já perdeu?
Mariana respondeu:
-Doze quilos.
A garotinha respondeu:
-Então você vai nos abandonar, porque se continuar assim, certamente morrerá.
Mariana chorou muito, pediu a menina que fosse até a cozinha e pedisse para a secretária que fizesse uma comida leve para que se alimentasse, porém quando ela tentou comer começou a ter vômitos em sequência, as coisas estavam já bem piores que ela imaginava.
Foi então que a campainha tocou e era sua tia. Esta tia era muito querida por Mariana e vendo-a, a moça a abraçou e pediu a ela que a ajudasse, porque agora não conseguia nem se alimentar, Mariana dizia para sua tia que estava se vendo morrer. A tia apenas disse que era preciso perdoar e esquecer as mágoas do passado.
Quando sua tia se foi, Mariana olhou para os remédios que estavam em cima da pia do banheiro, mesmo deitada em sua cama, pediu a Deus que a ajudasse a perdoar aquelas pessoas a fizeram tanto mal, que maltrataram seu corpo, sua moral e difamaram seu nome. Mariana pediu ainda que Deus colocasse amor incondicional em seu coração pelas pessoas, porque somente assim ela não iria cobrar a amizade dos amigos que a esqueceram quando ela mais precisava. Então, se voltando para espelho, observando seu corpo já muito franzino, seu rosto pálido, olhou dentro dos seus próprios olhos refletidos no espelho e disse:
- Nunca mais vou me sentir assim. Nunca mais vou permitir que o ódio e a mágoa destrua meu corpo, domine minha mente e tire a alegria que sinto por estar viva! Porque, aqui se faz, aqui se perdoa!
Mariana vendo novamente os remédios em cima da pia, pegou-os e jogou-os na “privada” e deu descarga, como se dissesse que não precisava mais deles e como alguém que se libertou, pegou a comida que estava pronta, já fria e comeu agradecendo a Deus por aquele alimento.
Depois de uma semana, já se sentindo mais forte, colocou sua melhor roupa, usando o batom que mais gostava, passou seu melhor perfume e saiu para passear com seus filhos como quem carrega um troféu!
Mariana voltou ao trabalho, à academia e informou a sua família:
-Ah! Agora eu quero um namorado!
