Tradicionalmente, no dia 8 de março, nós, mulheres,
recebemos muitas homenagens. Flores, parabéns, presentes, entre outros. Todos
estes gestos são bonitos e importantes, mas creio que o verdadeiro propósito do
Dia da Mulher deve ser refletir sobre a igualdade e onde estamos em relação a
ela. Por isso, discutir questões que nos interessa diretamente, como mães,
esposas e filhas devem ser lembradas, muito além das frases de efeito ou
simples homenagens.
Será que as mulheres já conquistaram as mesmas
oportunidades que os homens em todos os níveis? Vivemos em um País
verdadeiramente igual? Será que temos tanto a comemorar? São perguntas que
devem ser levantadas e discutidas para que então possamos de fato ter o que
comemorar.
No mercado de trabalho, as mulheres ainda têm menos
espaço e recebem menos do que os homens. Relatório da ONU, divulgado em 2015,
mostra que no mundo, em média, o salário delas é 24% inferior ao deles na mesma
função. Um dado grave e preocupante que comprova que o problema da desigualdade
no mercado não é só no Brasil, mas mundial. O avanço conquistado nas últimas
décadas ainda não conseguiu eliminar a discriminação e a diferença que ainda
persiste nos locais de trabalho.
Na política, a situação não é diferente. Em Uberlândia, por exemplo, no total de 27 vereadores na Câmara Municipal, contamos com apenas 4 representantes mulheres. Em Brasília, a Câmara de Deputados, eleita em 2014, conta com apenas de 10% de mulheres, enquanto o eleitorado feminino representa cerca de 51% do total. São números que mostram o quanto ainda precisamos avançar na representatividade feminina das organizações e instituições que têm por dever auxiliar a definir os rumos do nosso dia a dia. Lugar de mulher também é na política e temos que, cada vez mais, ocupar esse espaço para uma sociedade mais bem representada.
Outro ponto importante a ser discutido, e talvez o
mais grave, é a violência contra a mulher. Pesquisa do Data Popular mostra que
3 em cada 5 mulheres já sofreram violência em relacionamentos. Ano passado,
aqui em Uberlândia, tivemos o caso da professora Veridiana que chocou toda a
cidade ao ser assassinada em plena luz do dia pelo seu companheiro. Um crime
que deixou a população em choque e levantou o debate sobre a violência contra
as mulheres. O triste caso nos mostrou que esse tipo de situação não é distante
do nosso cotidiano, muito pelo contrário. É uma realidade próxima de nós. É na
nossa cidade, é no nosso bairro, com uma vizinha, uma amiga ou uma pessoa da
família. E não podemos simplesmente fechar os olhos para isso.
Aprecio as homenagens no Dia das Mulheres, os
presentes e as belas mensagens que recebemos, mas, acima de tudo, deve ser um
dia de reflexão. Comemorar as conquistas, mas perceber que a realidade ainda é
muito distante do ideal. No trabalho, na política e, em vários ambientes, a
injustiça e a desigualdade ainda são gritantes. Oficialmente, o Dia da Mulher é
apenas um, mas o caminho para um futuro melhor e mais igual é trilhado
diariamente. E só com trabalho, luta e participação é que a situação pode
mudar. Entrei para a política com o intuito de fazer a minha parte. Tenho
cumprido diariamente com este propósito. Mas sozinha não podemos avançar. Somos
muitas e devemos fazer valer nossos direitos.
Michele Bretas
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