segunda-feira, 25 de julho de 2016

Em política, somos todos iguais


Vivemos tempos de muito descrédito em relação à política. As pessoas, cada vez mais, não acreditam nos seus representantes, muito menos nos partidos. Recente pesquisa do Datafolha mostrou que mais de 70% dos brasileiros não têm partido de preferência; este é maior índice já registrado. Não é novidade que estamos em uma forma esgotada de se fazer política. Faltam ética, trabalho e transparência. Mas será mesmo que nenhum político o representa? Ninguém trabalha de forma transparente na política? São, realmente, todos “farinha do mesmo saco”?

É preciso entender a diferença entre o sistema político e as pessoas que fazem parte dele. O primeiro, hoje, é pouco eficaz, sem sombra de dúvidas. Mas isso não quer dizer que as pessoas que entram na vida pública sejam todas iguais. Pode até ser uma minoria, mas ainda há aqueles que entendem esse meio como um ideal. Gente que trabalha, realmente, para melhorar a vida em sociedade. Dizer que todos são “corruptos” ou coisa parecida, só favorece os políticos ruins, prejudicando os bons. Saber distinguir é essencial.

Questão fundamental é a transparência que se cobra dos políticos. Reivindicação justa e necessária. Porém, quando o representante divulga seu trabalho, muitas vezes, é tachado como alguém que quer “aparecer”. Semanas atrás, quando publiquei um vídeo nas redes sociais cobrando da Prefeitura melhorias na saúde de Uberlândia, em acordo com a função fiscalizadora de um vereador, algumas pessoas acharam perda de tempo mostrar o trabalho para a população. Chegaram a dizer que eu “deveria estar trabalhando”. Mas a questão é que era justamente isso que estava fazendo e, mais do que isso, mostrando para a população parte desse trabalho. Os políticos devem sempre prestar contas para seus eleitores e a internet é um dos meios que facilitam isso. Mas, infelizmente, vivemos em um paradoxo, em que, ao mesmo tempo, que somos cobrados por resultados, somos tachados quando o mostramos.

Para uma sociedade mais madura, é preciso também entender as funções de cada cargo político. Algumas pessoas cobram do vereador o trabalho que é exclusivo do prefeito, ou seja, de investir e executar obras. A democracia brasileira ainda é nova e não há uma distinção clara por parte da população dos deveres de cada função. É preciso uma educação política que deixe claro os papéis dos poderes e dos cargos, tornando o País mais politizado e eficaz em suas cobranças.

A transparência por parte da classe política e a politização por parte dos cidadãos é a melhor alternativa para uma sociedade desenvolvida. Por isso, o bom representante deve sempre comunicar suas ações e dialogar com a população. O político que divulga seu trabalho não está “querendo aparecer”, mas sim prestar contas e deixar o eleitor ciente do que acontece na cidade.

Entrei na política justamente para fazer diferente. Para uma nova política, além de ética e trabalho, é preciso transparência. Comunicar, ouvir e conversar com a população. O cidadão precisa saber o que faz seu vereador, pois somente assim poderá entender que, de fato, na política, nem todos são iguais.

Se continuarmos achando que a política é espaço dos maus, sem tomarmos partido, sem participar, realmente, as decisões que impactam nosso dia a dia continuarão nas mãos daqueles mesmos dos quais todos reclamam há anos.

Michele Bretas


http://www.correiodeuberlandia.com.br/colunas/pontodevista/em-politica-todos-sao-iguais/

Nenhum comentário: