Vivemos tempos de muito descrédito em relação à
política. As pessoas, cada vez mais, não acreditam nos seus representantes,
muito menos nos partidos. Recente pesquisa do Datafolha mostrou que mais de 70%
dos brasileiros não têm partido de preferência; este é maior índice já
registrado. Não é novidade que estamos em uma forma esgotada de se fazer
política. Faltam ética, trabalho e transparência. Mas será mesmo que nenhum
político o representa? Ninguém trabalha de forma transparente na política? São,
realmente, todos “farinha do mesmo saco”?
É preciso entender a diferença entre o sistema
político e as pessoas que fazem parte dele. O primeiro, hoje, é pouco eficaz,
sem sombra de dúvidas. Mas isso não quer dizer que as pessoas que entram na
vida pública sejam todas iguais. Pode até ser uma minoria, mas ainda há aqueles
que entendem esse meio como um ideal. Gente que trabalha, realmente, para
melhorar a vida em sociedade. Dizer que todos são “corruptos” ou coisa
parecida, só favorece os políticos ruins, prejudicando os bons. Saber
distinguir é essencial.
Questão fundamental é a transparência que se cobra
dos políticos. Reivindicação justa e necessária. Porém, quando o representante
divulga seu trabalho, muitas vezes, é tachado como alguém que quer “aparecer”.
Semanas atrás, quando publiquei um vídeo nas redes sociais cobrando da
Prefeitura melhorias na saúde de Uberlândia, em acordo com a função
fiscalizadora de um vereador, algumas pessoas acharam perda de tempo mostrar o
trabalho para a população. Chegaram a dizer que eu “deveria estar trabalhando”.
Mas a questão é que era justamente isso que estava fazendo e, mais do que isso,
mostrando para a população parte desse trabalho. Os políticos devem sempre
prestar contas para seus eleitores e a internet é um dos meios que facilitam
isso. Mas, infelizmente, vivemos em um paradoxo, em que, ao mesmo tempo, que
somos cobrados por resultados, somos tachados quando o mostramos.
Para uma sociedade mais madura, é preciso também
entender as funções de cada cargo político. Algumas pessoas cobram do vereador
o trabalho que é exclusivo do prefeito, ou seja, de investir e executar obras.
A democracia brasileira ainda é nova e não há uma distinção clara por parte da
população dos deveres de cada função. É preciso uma educação política que deixe
claro os papéis dos poderes e dos cargos, tornando o País mais politizado e
eficaz em suas cobranças.
A transparência por parte da classe política e a
politização por parte dos cidadãos é a melhor alternativa para uma sociedade
desenvolvida. Por isso, o bom representante deve sempre comunicar suas ações e
dialogar com a população. O político que divulga seu trabalho não está
“querendo aparecer”, mas sim prestar contas e deixar o eleitor ciente do que
acontece na cidade.
Entrei na política justamente para fazer diferente.
Para uma nova política, além de ética e trabalho, é preciso transparência.
Comunicar, ouvir e conversar com a população. O cidadão precisa saber o que faz
seu vereador, pois somente assim poderá entender que, de fato, na política, nem
todos são iguais.
Se continuarmos achando que a política é espaço dos
maus, sem tomarmos partido, sem participar, realmente, as decisões que impactam
nosso dia a dia continuarão nas mãos daqueles mesmos dos quais todos reclamam
há anos.
Michele Bretas
http://www.correiodeuberlandia.com.br/colunas/pontodevista/em-politica-todos-sao-iguais/
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