A chocante morte da professora Veridiana, ocorrida
no último dia 27 em nossa cidade, faz com que, com muita tristeza, possamos
divulgar o quanto a violência doméstica ainda é uma realidade grave e cruel.
Impossível não se indignar. Ao escrever estas palavras publicamente, o faço como
vereadora, mas peço licença para falar como mulher, esposa e mãe de três
filhos, sendo duas mulheres.
Somente em Uberlândia, esta foi a sétima mulher
morta por crime passional neste ano. De acordo com pesquisa recentemente
divulgada pelo Data Popular, três em cada cinco mulheres no Brasil já sofreram
violência em relacionamentos. A verdade é que muitas de nós, mesmo nos tempos
de hoje, sofremos com a violência, seja psicológica ou física. Na maioria das
vezes, vem pelas mãos de um ente próximo, o que torna o fato ainda mais
revoltante, não só para quem é da família, mas também para quem vê essa sombria
atmosfera de fora.
A mulher que sofre violência doméstica, muitas
vezes, perde a coragem para tomar atitudes contra os abusos, seja por medo,
vergonha ou falta de apoio. Esse sentimento ocorre, principalmente, pelo
julgamento que a própria sociedade faz a respeito de uma mulher que sofre
agressão. Sabemos que muitas pessoas julgam as vítimas, enquanto a atitude
correta deveria ser de apoio e acolhimento.
Quando uma mulher sofre agressão moral e psicológica, matam-se os sonhos, atinge seu amor próprio e sua alma. Quando uma mulher sofre agressão física, fere-se o corpo, gerando marcas e criando traumas. Q
Li e ouvi diversas críticas sobre o tema da redação
do último Enem. O assunto proposto para os alunos era justamente a persistência
da violência contra a mulher no País. Um tema essencial para ser discutido
amplamente. Vivemos em um País onde, segundo pesquisa, 54% das pessoas conhecem
uma mulher que já foi agredida. Para se ter idéia, segundo o Fórum Brasileiro
de Segurança Pública, em 2014, ocorreu um caso de estupro de mulher a cada 11
minutos.
Vamos continuar ignorando esses dados? A violência
contra a mulher deve, sim, ser discutida pelos jovens, pois são eles que
poderão mudar a realidade da nossa sociedade. A possibilidade de vivermos a
condição feminina de igualdade depende de sermos reconhecidas pelas
competências de forma digna e livre de preconceitos. A luta pelo respeito está
acima de qualquer ideologia.
Mas a principal mudança tem de partir de nós,
mulheres. Que comecemos a apoiar umas às outras. Você, mulher, pode hoje ser
solidária e encorajar sua irmã, amiga ou vizinha a se desvencilhar de uma vida
de tristeza e amargura antes que algo pior venha acontecer. Assim, além de
estarmos nos respeitando, estaremos exigindo mais respeito da sociedade para
com nosso corpo, nossos sonhos, sentimentos e expectativas. A violência contra
a mulher é uma situação gravíssima, e não podemos continuar de olhos fechados
para isso.
Michele
Bretas
http://www.correiodeuberlandia.com.br/colunas/pontodevista/violencia-contra-a-mulher-2/
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