segunda-feira, 25 de julho de 2016

Violência contra a mulher

A chocante morte da professora Veridiana, ocorrida no último dia 27 em nossa cidade, faz com que, com muita tristeza, possamos divulgar o quanto a violência doméstica ainda é uma realidade grave e cruel. Impossível não se indignar. Ao escrever estas palavras publicamente, o faço como vereadora, mas peço licença para falar como mulher, esposa e mãe de três filhos, sendo duas mulheres.

Somente em Uberlândia, esta foi a sétima mulher morta por crime passional neste ano. De acordo com pesquisa recentemente divulgada pelo Data Popular, três em cada cinco mulheres no Brasil já sofreram violência em relacionamentos. A verdade é que muitas de nós, mesmo nos tempos de hoje, sofremos com a violência, seja psicológica ou física. Na maioria das vezes, vem pelas mãos de um ente próximo, o que torna o fato ainda mais revoltante, não só para quem é da família, mas também para quem vê essa sombria atmosfera de fora.

A mulher que sofre violência doméstica, muitas vezes, perde a coragem para tomar atitudes contra os abusos, seja por medo, vergonha ou falta de apoio. Esse sentimento ocorre, principalmente, pelo julgamento que a própria sociedade faz a respeito de uma mulher que sofre agressão. Sabemos que muitas pessoas julgam as vítimas, enquanto a atitude correta deveria ser de apoio e acolhimento.

Quando uma mulher sofre agressão moral e psicológica, matam-se os sonhos, atinge seu amor próprio e sua alma. Quando uma mulher sofre agressão física, fere-se o corpo, gerando marcas e criando traumas. Q

uando essa agressão chega a matar, dilacera uma família inteira, interrompendo uma história de vida de forma brutal e covarde. E quantas vidas nós perdemos todos os dias por causa desse mesmo tipo de crime? Nos jornais as notícias parecem que se repetem. O roteiro é sempre o mesmo e o fim é quase sempre trágico.

Li e ouvi diversas críticas sobre o tema da redação do último Enem. O assunto proposto para os alunos era justamente a persistência da violência contra a mulher no País. Um tema essencial para ser discutido amplamente. Vivemos em um País onde, segundo pesquisa, 54% das pessoas conhecem uma mulher que já foi agredida. Para se ter idéia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, ocorreu um caso de estupro de mulher a cada 11 minutos.

Vamos continuar ignorando esses dados? A violência contra a mulher deve, sim, ser discutida pelos jovens, pois são eles que poderão mudar a realidade da nossa sociedade. A possibilidade de vivermos a condição feminina de igualdade depende de sermos reconhecidas pelas competências de forma digna e livre de preconceitos. A luta pelo respeito está acima de qualquer ideologia.

Mas a principal mudança tem de partir de nós, mulheres. Que comecemos a apoiar umas às outras. Você, mulher, pode hoje ser solidária e encorajar sua irmã, amiga ou vizinha a se desvencilhar de uma vida de tristeza e amargura antes que algo pior venha acontecer. Assim, além de estarmos nos respeitando, estaremos exigindo mais respeito da sociedade para com nosso corpo, nossos sonhos, sentimentos e expectativas. A violência contra a mulher é uma situação gravíssima, e não podemos continuar de olhos fechados para isso.

Michele Bretas


http://www.correiodeuberlandia.com.br/colunas/pontodevista/violencia-contra-a-mulher-2/


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